segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Eu morro de amores pela poesia! E você?

##Publicaçôes feitas no Caderno do sarau Literário Sarau Literario Piracicabano de 23 de Agosto de 2016

Ranhuras do tempo - Dulce Ana da Silva Fernandez 
Hum!
Manhã de nuvens escuras, fugídias;
Borboleta de tarja negra
Entrou pela janela da sala de visitas.
A seguir, vento forte, tresloucado!
Bate as janelas,
Bate as portas,
Golpeia teias de aranha,
Derruba pó de picumã,
Empurra o vaso de flores...
Será? Algum aviso antecipado?
Pois é:
Sempre que o vento
Cantava furioso,
Despertando a genésica semente
Minha avó, com dedos trêmulos,
Silenciosa, persignava-se;
A tristeza baixava sobre ela:
Sabia da existência de coisas estranhas
Nas engrenagens do destino.
E o vento arranhava o chão
À procurar de mortos.
E, na caixa fúnebre dos acontecimentos,
Surpresas!
Entristeciam o viver.
O tempo enfileirando anos;
mas, enroscados em crendices,
Aprendemos a decifrar
Dentro da noite escura como corvo:
Miados longos de gatos;
Uivar triste de cães;
Fitas para amarrar pesadelos...
E, quando o silêncio se derrama,
para além do relógio do tempo
Há quem fale com os mortos...
Na trilha empoeirada do viver, saudades
Flutuam como essência volátil:
Lágrimas derramadas, orações apressadas,
Que atravessaram noites e madrugadas.
Por quê? Na busca de significados:
Tantos enigmas, tantas perguntas?


NA DÚVIDA... - Marieli Sbravatti Mari Sbravatti
Crase? Na dúvida, não use
Casaco? Na dúvida, leve.
Batom? Na dúvida, retoque.
Gasolina? Na dúvida, abasteça.
Mensagem? Na dúvida, delete.
Cabelo? Na dúvida, prenda com um coque.
Esmalte? Na dúvida, o clássico vermelho.
Banheiro? Na dúvida, visite antes de sair.
Roupa? Na dúvida, um pretinho básico.
Perfume? Na dúvida, o mais suave.
Jantar? Na dúvida, uma massa ao sugo.
Amor? Na dúvida, não é amor.


Tem choroLetícia Vidor
Tem choro à toa
quando ouço Bethânia
declamando a história do Menino Jesus
de Fernando Pessoa.

Tem choro chorado
quando me deleito
com Alessandro Penezzi
dedilhando um choro rasgado.

Tem choro sentido
quando escuto Mônica Salmaso
cantando o marido traído:
“No sonho de quem você vai e vem

com os cabelos que você solta?
Que horas, me diga que horas,
me diga que horas você volta?”

Tem choro doído
ao me lembrar que
quando eu tinha 14 anos
meu pai saiu de casa
sem me falar
que era em definitivo.

Tem choro dolente
de quando perdi
meu amor adolescente.

Tem choro apavorado
quando temo e tremo
só de pensar em passar
por outro episódio depressivo
daqueles bem brabos.

Tem choro mansinho
quando caminho
pela beira do rio
e me lembro do bem
que aquele moço me faz.

Tem choro ao me recordar
de quanto tempo
passei sem conseguir chorar.


Amor, sons da vida... - Celso Gabriel de Toledo e Silva _ Cegatosí Boaratti
Proibidos, é o que somos, por causa de nosso recíproco gostar,
Quis assim o destino conosco, o amor, mas não a proximidade,
O compartilhar de sentimentos aos quais nem sempre são visíveis,
O prazer das emoções que se fazem imaginação e não palpáveis;

Tudo se fez do nosso primeiro contato e por fim nem percebemos,
Contudo o tempo pouco a pouco foi nos aproximando e nos unindo,
Não somos reais no contato de pele a pele, mas verdadeiros d’alma,
Vivemos, pois d’um afeto ora virtual que só a nós e a vida pertence;

Há em nós a consciência, muito mais ao desejo da pura felicidade,
Haverá quem pense que o que vivemos é obsceno, quase um crime,
Engana-se ser um desalinhar de paixões, é o ‘cantar’ de dois corações;


Somos ‘guitarras’ que esperam pelo toque das mãos certas, permitidas,
Somos ‘músicas’ que dia a dia cada qual aprende a letra d’outro e seus significados,

Somos ‘versos’ em prosa, rimas de ousadia e êxtase, excitante poesia.

Um comentário:

  1. Sempre coisas lindas a nos esperar por aqui! Nunca me arrependo de aqui passar! bjs, linda semana,chica

    ResponderExcluir

Deixe seu comentário