terça-feira, 2 de agosto de 2016

Circus


Circus _ Ana Marly De Oliveira Jacobino

Interessante o desenrolar da conversa numa reunião familiar, o vai e vem das palavras reciclam vivências importantes!
Circo!? Ah! Um estouro de alegrias acontecia para a população de uma cidade do interior na sua chegada!
Tempos em que a ingenuidade foi à marca da grande maioria dos cidadãos! A maldade humana não era tão cantada em prosa e verso pela mídia, portanto, a controvérsia, sobre, o uso dos animais numa arena circense não fazia afagos na consciência dos adultos, muito menos ainda na das crianças!
O desfile colorido dos animais e artistas pelas ruas e avenidas da cidade tornava-se um espetáculo a parte! As retinas das crianças extrapolavam as fronteiras óticas para espalmar nas fronteiras coronárias e ir direto para o território da fala!
Cavalos, cães, Chimpanzés, elefantes, leões, ursos..., levados em jaulas coloridas treinavam suas vozes ao som da música, junto, com a voz do locutor! No carro mais alto iam os contorcionistas, equilibristas, mágicos, trapezistas..., eles davam uma palhinha do espetáculo! Os pais ouviam a gritaria histérica dos filhos! Família grande! Dinheiro minguado!
As pessoas seguiam o desfile até o local da grande lona! Colorida sobrepujava por sobre toda a paisagem ao redor! Bandeirinhas tremulavam ao vento, além de esconder os segredos! No picadeiro a terra batida coberta por palha de arroz escondia as dores, fadigas, e, os suóres dos artistas e animais!
Promoção! Sim! Promover o circo para as pessoas participarem dos espetáculos tinha um modo diferente, do que vemos hoje!
Você não pode visualizar todo o histórico circense através deste seu olhar inquisidor, sempre, a procura do erro! Pare! Outros tempos! Outros pensamentos!
Otaviano foi sondar a trupe circense para conseguir um trabalho em troca de oito ingressos para levar a família! Nada! A trupe se incumbia de realizar tudo, desde a montagem, limpeza, tratamento dos animais...!
Olhando para os pés o homem foi saindo..., pesaroso! De repente, o tratador dos leões, o chamou!
“Uma coisa esta sendo pedindo para quem nos procura por ingressos sem custos!” Sugeriu algo para Otaviano, que, sorriu satisfeito!
Outros tempos em que os cemitérios não eram profanados com tanta insanidade! Lá, os mortos, literalmente, descansavam longe dos miados frenéticos dos animais largados ao Deus dará! Insanidade moderna!?!?
Matinê no Domingo! Otaviano tinha em cada uma das mãos sacos de jutas recheados de saltos e pontapés..., seus filhos orgulhosos iam logo atrás do pai olhando os sacos estrebuchar de um lado para o outro num exorcismo temerário!
Otaviano pediu para esperarem perto da bilheteria, enquanto seguia a procura do tratador dos leões! Os sacos trocaram de mãos! Oito ingressos num lampejo de magia saltitam nas mãos de Otaviano!
Aplausos! Gritos! Risos! Aplausos! Tanta magia contida num só espetáculo! Os chimpanzés e os palhaços quase fizeram vir à lona abaixo, através das gargalhadas da platéia!
Os cães bailarinos empolgaram e arrancaram vivas da gurizada!
Intervalo!
Montagem das grades para a entrada triunfal dos leões, e, do domador..., chicote, gritos, urros..., um leão em frente ao domador, outro leão no alto de um cone de madeira pintado de listras vermelhas, ameaçador..., o terceiro leão enterra as suas garras e dentes no chão num olhar feroz ao domador!
Silêncio! Não se ouve nem mesmo uma respiração! Rastifirastifichim... chicoteia o ar! Os leões gemem feitos gatinhos, enquanto, rolam pelo chão no interior da jaula! Mansos, como leões..., é claro!
Aplausos! Aplausos! Aplausos!
Os leões saem direto para as suas jaulas! Domador agradece!
Aplausos!
Intervalo!
A domadora de cavalos assina o final do espetáculo num show de beleza e formação eqüina!
Miguel, o filho do meio, pergunta para Otaviano, ainda, excitado pela magia circense!
“Pai, cadê os gatinhos que o senhor trouxe para o espetáculo!”
A resposta veio rápida:
“Ah! Os gatinhos estão treinando, meus filhos!”

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