segunda-feira, 29 de agosto de 2016

A Alegria como Valorização da Vida - Leda Coletti

A Alegria como Valorização da Vida - Leda Coletti
(Homenagem à amiga Wilma Godoy de Almeida _ Fundadora da Associação Viva a Vida)

Há realmente homens e mulheres, que nos demonstram as características marcantes de suas personalidades, pelas reações comportamentais. Perto delas sentimo-nos à vontade, espontâneos. Diria mesmo, são oásis no meio do deserto. E como é bom partilhar de suas companhias!Assim é a cara amiga!

Muitos a conhecem talvez mais no presente. Eu tive o privilégio de sua convivência num espaço pequeno de três anos, mas suficientes para traçar seu perfil de mulher com beleza interior profunda, a qual, tenho certeza não passou desapercebida por ninguém que teve a sua companhia, naquele período.

Conhecemo-nos no tempo do magistério e em escola carente de periferia. Foi mestra de alfabetização, e que mestra! Escolhia sempre a classe dos mais pobrezinhos. E aquelas crianças que chegavam com roupas sujas, rasgadas, cabelos despenteados, tornavam-se por momentos, reis e rainhas, exibindo vestuários limpos, modernos, que ela muitas vezes confeccionava com suas mãos de fada. E assim aprendiam as primeiras letras, maravilhados com as ilustrações na lousa, em cartazes, figuras mimeografadas de bichos, plantas e cenas curiosas, com as quais se utilizava para despertar-lhes a motivação.
Removi-me de escola e cidade. Soube de sua aposentadoria. Realmente ela encerrou o trabalho como educadora de crianças, mas partiu para outro, como voluntária; este mais direcionado para a saúde da mulher. Como no caso das crianças, dedicou-se inteiramente. E como já amenizou a dor de tantas companheiras sofredoras! Primeiro, na própria cidade, depois em outras do estado, extrapolando seu mister para diversos pontos do nosso país e em outros. O “Viva a Vida”, semente lançada por ela, para frutificar em terras piracicabanas, hoje é conhecido e imitado internacionalmente. 

Seu sorriso sol aberto, (sua grande atração pessoal) ilumina por onde passa.Com seus exemplos de partilha, continua a nos dar a mais linda lição de vida, principalmente nessa época tão tumultuada e de violência em que vivemos. Sutilmente, nos ensina que vale a pena sermos bons, procurarmos ser anjos de luz para os nossos irmãos próximos e também os distantes, os conhecidos e desconhecidos. Associo sua pessoa a um anjo de luz-criança, fazendo suas peraltices criativas, que só trazem esperança e alegria, mesmo na dor e sofrimento. Acompanhando seu magnânimo trabalho, dá para acreditar que nem tudo está perdido nesse nosso Planeta-Terra, pois seu exemplo de amor ao próximo se aproxima do divino e por isso mesmo, terá sempre a proteção do Deus Poderoso. 

Quero através dessa crônica demonstrar-lhe o quanto a admiro e respeito. Wilma querida, sua aura resplandece para nós! Muito obrigada amiga, por você existir!

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Publicado no Caderno do Sarau Literário Piracicabano de 23 de Agosto de 2016



Wilma Godoy de Almeida no seu aniversário em 04 de Dezembro de 2015 ao lado de Ana Marly

sábado, 20 de agosto de 2016

Luís Gama o rábula-poeta da liberdade...


Luis Gama nasceu em Salvador, filho de um fidalgo português e da africana Luiza Mahin. Aos dez anos, para saldar dívidas de jogo, o pai o vendeu como escravo. Veio para o Rio de Janeiro e dali foi vendido para um fazendeiro paulista que acabou dando ele chances dele estudar, e se tornar um advogado autodidata, se revelando, assim, um dos mais brilhantes de sua geração.
Com a decisão recente da OAB de torná-lo advogado nesses últimos dias, a decisão é atrasada, mas expressa luta da militância pelo reconhecimento de seus grandes ícones.

São Paulo, um dia novembro de 1869.
Um escravo, Jacinto, fugira do cativeiro de Minas Gerais. Busca a alforria na justiça. Bateu na porta da residência de Luiz Gonzaga Pinto da Gama(1830-1882).
Este se anunciava nos jornais como “defensor perante aos tribunais da causa da liberdade”.

                                 Dos escravos.
Que os defendia gratuitamente.
Na época, o escravo Jacinto dissera a Gama que seu cativeiro fora ilegal. Isto porque chegara ao Brasil após a lei de 7 de novembro de 1831.
Esta lei proibia o tráfico de escravos.
O juiz Rego Freitas argumentou que a ação de liberdade deveria ser proposta no município de origem do suposto senhor do africano. Gama em petição referendou os termos anteriores de sua ação de liberdade para Jacinto.
Classificou, então, o despacho do Rego Freitas, de “ofensivo da lei”. Chamou o escrito do juiz de “fútil despacho”. O juiz, resolveu processar o insolente advogado negro autodidata- que não cursara faculdade- e chamado de rábula.
Ou seja, um advogado que não frequentara faculdade, tivera a insolência de, em petição, acusar um conceituado magistrado de não ter domínio da lei.
A ousadia de Gama teve um alto preço: a petição feita ao juiz Rego Freitas pedindo ação de liberdade em nome do africano Jacinto rendeu-lhe desemprego do estado e um processo por crime de calúnia.
No entanto, durante o julgamento do processo contra ele, ele mesmo se defendeu. Assim, mostrou o lado obtuso do magistrado e inabilidade do sistema escravista brasileiro. Ele foi absolvido por unanimidade.

A CATIVA _ Luís Gama
Como era linda, meu Deus!
Não tinha da neve a cor,
Mas no moreno semblante
Brilhavam raios de amor.

Ledo o rosto, o mais formoso
De trigueira coralina,
De Anjo a boca, os lábios breves
Cor de pálida cravina.

Em carmim rubro esgastados
Tinha os dentes cristalinos;
Doce a voz, qual nunca ouviram
Dúlios bardos matutinos.

Seus ingênuos pensamentos
São de amor juras constantes;
Entre as nuvens das pestanas
Tinha dois astros brilhantes.

As madeixas crespas, negras,
Sobre o seio lhe pendiam,
Onde os castos pomos de ouro
Amorosos se escondiam.

Tinha o colo acetinado
— Era o corpo uma pintura —
E no peito palpitante
Um sacrário de ternura.

Límpida alma — flor singela
Pelas brisas embalada,
Ao dormir d'alvas estrelas,
Ao nascer da madrugada.

Quis beijar-lhe as mãos divinas,
Afastou-mas — não consente;
A seus pés de rojo pus-me,
— Tanto pode o amor ardente!

Não te afastes, lhe suplico,
És do meu peito rainha;
Não te afastes, neste peito
Tens um trono, mulatinha!...

Vi-lhe as pálpebras tremerem,
Como treme a flor louçã
Embalando as níveas gotas
Dos orvalhos da manhã.

Qual na rama enlanguescida
Pudibunda sensitiva,
Suspirando ela murmura:
Ai, senhor, eu sou cativa!...

Deu-me as costas, foi-se embora
Qual da tarde ao arrebol
Foge a sombra de uma nuvem
Ao cair a luz do sol.
 Na foto a mãe de Luís Gama : Luiza perdeu cedo o contato com o filho. O menino, então com dez anos de idade, foi vendido ilegalmente pelo próprio pai, como escravo, para quitar uma dívida de jogo. Conhecedor de que sua situação era ilegal –
já que era filho de mãe livre -, acabou fugindo e, embora a tenha procurado por toda a vida, jamais reviu Luiza, também fugitiva das autoridades, graças às atividades revolucionárias.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Sarau Literario Piracicabano


                                  Próximo Sarau:
Local: Museu Prudente de Moraes - Centro
Data: 23 de Agosto (terça-feira) - 19h30
Participação do Conjunto Caleidoscópio com Carlos Roberto FurlanSuzi Christophe FurlanAna Lúcia Paterniani
Declamação, dança, esquete teatral e muito mais nesta noite líteromusical
Apresentação da CIA Pimenta de Teatro com Benedita GiangrossiLívia Foltran Spada
Apresentação do Grupo Josiany Shimla de Danças Orientais
Homenageados - Antônio Gonçalves Dias ( escritor e poeta) , Ernesto Paterniani (professor, engenheiro agrônomo , cientista)
Coordenação:  Ana Marly De Oliveira Jacobino

quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Um beijo poético...

Eu não ando só
Só ando em boa companhia
Com meu violão
Minha canção e a poesia
## Vinicius de Moraes

José Dias Nunes influenciou várias gerações de violeiros, como: Almir Sater, Miltinho Edilberto, Ivan Vilela... Entre uma nota e outra marcou vidas, através da poesia de suas músicas! Ivete da Ivete Cunha Machado e José Dias nos acordes da viola fizeram à trilha sonora da vida bem mais interessante, bem mais calorosa, bem mais encantadora! Traduziram no som da viola, ou, do violão a alegria e o amor!
Sempre o amor pela música fez transbordar em cada um deles o ser amoroso para todos aqueles que, entrecruzam seus caminhos!

“Tenha um pouco de paciência, de que vale vencer uma discussão, se não vai ter com quem comemorar? Perder a pessoa é mais doloroso do que perder uma discussão!”
Este seu jeito de pensar consolidou muitas amizades e Tião Carreiro, mesmo, após, a sua morte ainda continua a ser lembrado por muitos fás e amigos! Enfim, arte na sua totalidade musical e poética é a inspiração para José e Ivete!

O Sarau Literário Piracicabano nestes 12 de Julho de 2016 honrou os nomes de José Dias Nunes e Ivete da Silva Cunha Ivete Cunha Machado na toada poética de Tião Carreiro:
” Duvido que alguém não chore, pela dor da saudade, quero ver quem não chora quando amar de verdade.”

#Publicações feitas no Caderno do Sarau Literario Piracicabano em 12 de Julho de 2016
Náufraga - Ana Marly De Oliveira Jacobino

Esperança; a guardo feito tesouro
Vigiada por nobre cavaleiro templário
Ora, escondida num buraco escuro
Ora, talhada no sino do campanário.

Como nau atracada no ancoradouro
Camuflada ao olhar do cruel corsário
Não quer se ferir_ sente o mau agouro
No tropel do mouro _ homem-sagitário.

Belo é o amor não fosse um vil tirano
Ao possuir numa crueza _ o que venero_
Estrela luzidia no negror dum oceano.

Espelha maresia no olhar _amor sincero_
No abismo profundo explode desumano...
A fonte da juventude _amargo desespero.
Meu belo Ypê amarelo _ Paulo Santos
Aprendi hoje uma lição
Que jamais vou esquecer,
Ao olhar o velho Ypê
Que parecia morrer;
Seco, desfolhado,
Velho e todo esturricado,
Eu, insensível
Pensei em cortá-lo;
Dei-lhe um longo e forte abraço,
Para mim, era a despedida, porém,
Com ele, aprendi como é a vida.
Ele madeira, mostrou-se ser de aço.
Com uma linda flor
Nessa hora me presenteou,
Amarelo vívido, como que me dizendo,
Estou vivo!
Lembra?
Sou seu belo Ypê amarelo!
Chorei ao me lembrar...
Trabalhei por toda minha vida
Acompanhado desse amigo silencioso,
E pude perceber que minha secura
É igual a dele;
Guardação de energia,
Economia de potência,
E que ainda, tanto ele quanto eu,
Teremos nosso dia de beleza,
Assim é a nossa natureza!
Eu sou como o Ypê amarelo,
Tive vários momentos difíceis,
Porém, na hora certa,
Assim como ele,
Poderei mostrar toda minha exuberância.
Próximo Sarau:
Local: Museu Prudente de Moraes - Centro                  
Data: 23 de Agosto (terça-feira)- 19h30
Participação do Conjunto Caleidoscópio com  Carlos Roberto FurlanSuzi Christophe Furlan, Ana Lúcia Paterniani
Declamação, dança, esquete teatral e muito mais nesta noite líteromusical
Homenageados – Gonçalves Dias (escritor, poeta) Ernesto Paterniani ( Engenheiro
Agrônomo pesquisador da área da seleção e melhoramento genético do milho)
Coordenação: Ana Marly de Oliveira Jacobino


domingo, 7 de agosto de 2016

Apesar de tudo é preciso poetar...

Livro de poesia a gente não deve ler de cabo a rabo. Tem de ser assim devagarinho pra que o espírito da palavra encarne na gente. Livro de poesia tem de ser um ir e vir livre: se na metade, volte, porque vez ou outra é bom ver se entendeu/sentiu bem porque a gente se vai mudando conforme vai lendo, e como não se é o mesmo a cada página, vai que o lido acaba revelando mais do que o lido! Eu não tenho pressas de ler poesia. Vou indo como quem bebe água e come, quando o corpo pede que é pra absorver melhor. (Richard Mathenhauer _ escritor e poeta ) 

##Leio poesia em doses homeopáticas... enrolando as palavras na lingua...saboreando... escrevendo alguns versos para digeri-los melhor... volta e meia relendo-os!              Ana Marly de Oliveira Jacobino_ escritora e poeta)

#‪#‎Publicações feita  no Caderno do Sarau Literario Piracicabano de 12 de JUlho de 2006
APESAR DE TUDO! Carlos Roberto Furlan
Julho fulgura! Com ele florescem os ipês, fiéis à sua vocação, numa despudorada e triunfante exaltação à vida. Se, de um lado, há tanta apoteose de verdade e poesia, por outro, a fastidiosa monotonia dos telejornais continuam estampando as oscilações das nossas tristezas ao constatarmos que o nosso tão suado dinheiro escorre, diuturnamente, por inúmeros ralos da ilegalidade.
E nós, do lado de fora, pagamos a conta, armamos o circo, carregamos a lona e as gambiarras, enfrentamos as feras e levamos, nas costas, até o elefante.
Em meio ao alheamento da vida moderna, confesso, me sinto como um malabarista no meu próprio picadeiro. Talvez o que me ampara é a rede estendida por baixo. Sei que ela é tecida por fios fortemente entrelaçados, oriundos do meu genótipo, das minhas crenças, da minha fé, das minhas esperanças, da minha vivência...
É bem verdade que sempre sou chamado a enfrentar inúmeros desafios e a ultrapassar muitos obstáculos; ora com determinação, às vezes desanimando, mais adiante recuperando a coragem, compondo com o imponderável, mas à minha maneira, a trama que certamente resultará numa jornada única, absolutamente singular. Talvez o grande desafio seja encontrar o equilíbrio dessa balança que traz, nos pratos, pontos luminosos e zonas de sombra, trajetórias de altos e baixos que, eu sei, sempre dependerão do que eu souber ou quiser enxergar. 
Por isso, evito carregar pesos inúteis. É melhor largar essa bagagem no meio do caminho, escrevendo a minha história com as tintas da alegria.
São as cores dessa alegria que usamos para preparar cada edição do nosso sarau. E o meu desejo, de coração, é que ela possa ser a mesma que usaremos para encarar qualquer complexidade da vida, no espelho da nossa existência. Então, que a ordem seja: rir mais, cantar mais, ler mais poesias, contar ou ouvir uma boa história, viajar mais, dançar com a vida... Talvez essa seja uma das armas mais eficazes que devemos usar pra enfrentar tempos bicudos. Armas que nos dão asas, que elevam o espírito e nos fazem alcançar um lugar além da tristeza. Um lugar que faz a gente sonhar sonhos que iluminam o nosso céu. E o coração. Porque julho fulgura e os ipês florescem... Apesar de tudo! 

Rebuscando emoções_ Dulce A.S. Fernandez
Seu Camilo foi deixado num asilo. Enfim, não teve escolha. Idosos curiosos apreciam sua chegada. Soluços. Passos magros até a capela. Longo silêncio. Frente a frente com o Jesus Crucificado pendente no madeiro, desfila orações. É convencido a carregar a cruz compartilhada. No seu rosto pálido é aberto um sorriso de paz. Depois de guardar seus pertences no tímido armário do quarto, sobre o fino colchão estira o velho corpo. O vento sopra acariciante, tentando aliviar seus ossos cansados. Ao ajeitar o duro travesseiro, vira a cabeça. Vê um pássaro saltitando no parapeito da janela. De repente, o pequeno corpo plumoso sacode a quietude do aposento com uma doce melodia. A seguir, seu Camilo, pelas frestas de seus olhos semicerrados, vê o balançar cômico do bigode do homem do quadro, que sorri. São místicas emoções para seu coração grisalho. Adormece. Tecendo sonhos, sobrepondo os fios do bigode do homem do quadro, faz uma arapuca. Com a alma impregnada de alegria infantil, brinca de caçar passarinhos...
Causando _ Letícia Vidor de Sousa Reis 
Budista zen
que me faz bem.

Amante de circo
feito criança
chupando pirulito.

Causando
pelas trilhas urbanas
e esquinas paulistanas

E pelas trilhas
e esquinas
do meu coração.
A Música _ Leda Coletti
( Homenagem aos músicos e em especial à querida Professora Ivete Cunha Machado, homenageada desta noite )

A música, das artes, preferida
da parceira fiel, a poesia.
Provém da Luz de Deus e produzida
para trazer a paz, plena alegria.

A pessoa se sente agradecida
ao ouvir sons, canções em sintonia
com o que pensa, faz em sua lida
sonhando um amanhã só de harmonia.

Apreciando instrumentos e corais
as emoções eclodem, são sinais
de alvoradas em novas estações.

Desaparecem mágoas e tristezas
o mundo passa a ter muitas belezas,
a música faz bem aos corações

terça-feira, 2 de agosto de 2016

Circus


Circus _ Ana Marly De Oliveira Jacobino

Interessante o desenrolar da conversa numa reunião familiar, o vai e vem das palavras reciclam vivências importantes!
Circo!? Ah! Um estouro de alegrias acontecia para a população de uma cidade do interior na sua chegada!
Tempos em que a ingenuidade foi à marca da grande maioria dos cidadãos! A maldade humana não era tão cantada em prosa e verso pela mídia, portanto, a controvérsia, sobre, o uso dos animais numa arena circense não fazia afagos na consciência dos adultos, muito menos ainda na das crianças!
O desfile colorido dos animais e artistas pelas ruas e avenidas da cidade tornava-se um espetáculo a parte! As retinas das crianças extrapolavam as fronteiras óticas para espalmar nas fronteiras coronárias e ir direto para o território da fala!
Cavalos, cães, Chimpanzés, elefantes, leões, ursos..., levados em jaulas coloridas treinavam suas vozes ao som da música, junto, com a voz do locutor! No carro mais alto iam os contorcionistas, equilibristas, mágicos, trapezistas..., eles davam uma palhinha do espetáculo! Os pais ouviam a gritaria histérica dos filhos! Família grande! Dinheiro minguado!
As pessoas seguiam o desfile até o local da grande lona! Colorida sobrepujava por sobre toda a paisagem ao redor! Bandeirinhas tremulavam ao vento, além de esconder os segredos! No picadeiro a terra batida coberta por palha de arroz escondia as dores, fadigas, e, os suóres dos artistas e animais!
Promoção! Sim! Promover o circo para as pessoas participarem dos espetáculos tinha um modo diferente, do que vemos hoje!
Você não pode visualizar todo o histórico circense através deste seu olhar inquisidor, sempre, a procura do erro! Pare! Outros tempos! Outros pensamentos!
Otaviano foi sondar a trupe circense para conseguir um trabalho em troca de oito ingressos para levar a família! Nada! A trupe se incumbia de realizar tudo, desde a montagem, limpeza, tratamento dos animais...!
Olhando para os pés o homem foi saindo..., pesaroso! De repente, o tratador dos leões, o chamou!
“Uma coisa esta sendo pedindo para quem nos procura por ingressos sem custos!” Sugeriu algo para Otaviano, que, sorriu satisfeito!
Outros tempos em que os cemitérios não eram profanados com tanta insanidade! Lá, os mortos, literalmente, descansavam longe dos miados frenéticos dos animais largados ao Deus dará! Insanidade moderna!?!?
Matinê no Domingo! Otaviano tinha em cada uma das mãos sacos de jutas recheados de saltos e pontapés..., seus filhos orgulhosos iam logo atrás do pai olhando os sacos estrebuchar de um lado para o outro num exorcismo temerário!
Otaviano pediu para esperarem perto da bilheteria, enquanto seguia a procura do tratador dos leões! Os sacos trocaram de mãos! Oito ingressos num lampejo de magia saltitam nas mãos de Otaviano!
Aplausos! Gritos! Risos! Aplausos! Tanta magia contida num só espetáculo! Os chimpanzés e os palhaços quase fizeram vir à lona abaixo, através das gargalhadas da platéia!
Os cães bailarinos empolgaram e arrancaram vivas da gurizada!
Intervalo!
Montagem das grades para a entrada triunfal dos leões, e, do domador..., chicote, gritos, urros..., um leão em frente ao domador, outro leão no alto de um cone de madeira pintado de listras vermelhas, ameaçador..., o terceiro leão enterra as suas garras e dentes no chão num olhar feroz ao domador!
Silêncio! Não se ouve nem mesmo uma respiração! Rastifirastifichim... chicoteia o ar! Os leões gemem feitos gatinhos, enquanto, rolam pelo chão no interior da jaula! Mansos, como leões..., é claro!
Aplausos! Aplausos! Aplausos!
Os leões saem direto para as suas jaulas! Domador agradece!
Aplausos!
Intervalo!
A domadora de cavalos assina o final do espetáculo num show de beleza e formação eqüina!
Miguel, o filho do meio, pergunta para Otaviano, ainda, excitado pela magia circense!
“Pai, cadê os gatinhos que o senhor trouxe para o espetáculo!”
A resposta veio rápida:
“Ah! Os gatinhos estão treinando, meus filhos!”