sexta-feira, 4 de março de 2016

E as palavras refletem o pensar do Escritor no seu tempo...


Uma cartazinha para Ana Marly De Oliveira Jacobino!


Bom dia Ana Marly!Obrigado pela delicadeza de nos enviar o cartão e o delicioso pãozinho, que acabou povoando algumas lembranças da minha infância. Aos domingos, com meus pais, visitávamos os parentes nos sítios, comuns daquela saudosa época. Pois bem: o formato e o gosto lembrou um pãozinho semelhante ao seu, que minhas tias faziam, para o café da tarde.


Quantas lembranças boas dessa "gente do sítio", os autênticos homens da terra, essa raça de gigantes que risca o solo na ponta dos arados para, depois, arrancar dele a riqueza que brota da multiplicação das sementes. Homens destemidos que fazem do gesto de lançar as sementes ao seio da terra um ato de fé na bondade divina. 

Ah, saudade maldosamente amiga! Quantas histórias vivi e ouvi nesses lugares. Meus pensamentos saem em revoada...Quantas vezes, à sombra dos bambuzais, preparei anzóis pra puxar, do ribeirão piscoso, bagres, mandis e lambaris, trocando conversas com os queridos primos. Com eles aprendi a fazer incursões exploratórias para ver o que tinha sobre o fogão à lenha, passando em revista as panelas, beliscando uma coisinha aqui, outra ali. O meu mundo girava em torno dessas pessoas apaixonantes, rostos queridos, mestres na arte de desfrutar a vida, os amigos e parentes, em torno de uma mesa, só para brindar à amizade, à saúde, ao estar vivo. Como não guardar essas lembranças, meu Deus? Que tempo aquele! Tempo da inocência, da chaleira no fogão, do aroma e sabor de tantas ervas apanhadas na horta do quintal, dos bolinhos de chuva, dos cachorros que viviam espaçosos, mas não incumbidos da guarda da casa porque, todos, vivíamos em liberdade ( hoje precisamos cimentar muros altos, erguer grades nas portas, portões e janelas e, às vezes, cimentamos até o coração...). Como é bom reviver aquelas imagens. De repente, um sabor, um perfume, uma visão, provocam viagens pelas avenidas da alma, temperadas por pitadas de alegria, às vezes de tristeza, de belezas escondidas, um verdadeiro baú de relíquias que a gente vai abrindo e tudo fica tão vivo, que parece ter acontecido ontem. Também, como não ter um caso de amor com a vida, não é mesmo? É aquilo que dizem os poetas: é o amor acontecendo nas horas antigas, que insiste em ficar perto da gente. 

Em tempo: Você viu, o tema da redação da Fuvest, desse ano? Utopia!
Pois é, UTOPIA! Que feliz coincidência. O meu texto de encerramento do ano, do sarau de dezembro, enfocava exatamente o tema, que
você, carinhosamente, também publicou no jornal A Tribuna Piracicabana . Espero que algum vestibulando tenha aproveitado o texto, como inspiração. É isso Ana! Talvez todos essas coisas façam parte daquele farol referido no texto de fim de ano, capaz de tornar, claros, os caminhos por onde vão se construindo a nossa história, na teia da existência.
Abraços nossos e, mais uma vez, agradecidos. Beto e Suzi Furlan

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