segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Poesias para iniciar em 2016

#‪#‎Publicado‬ no Caderno do Sarau Literário Piracicabano de Dezembro de 2015

Coletivos contemporâneos _ Carmen M.S.F.Carmen Pilotto

Novos tempos se anunciam enigmáticos... Observo a solitude voluntária de alguns e o temor da solidão de outros que se juntam em bandos nas situações pontuais: casamentos, velórios,eventos festivos, cerimônias civis, redes sociais entre outras. E se aquietam com seus pares na esperança de dias melhores



É sempre muito bom viajar no tempo e lançar olhares de uma saudade gostosa, vivida com intensidade, deixando-se levar por uma correnteza deliciosa, que se opõe ao mesquinho formigar do mundo e, navegar, navegar e navegar só por puro prazer, "vendo um mundo num grão de areia, um céu numa flor silvestre e, ao ter o infinito na palma da mão, o tempo se eterniza nesses minutos."Carlos Roberto Furlan

ENVOLVENTE RELICÁRIO _ Dulce A.S.Fernandez (Carmen Pilotto
Oh! sol! que no tear dos dias
Eclodes a repartir calor, claridade...
Mandaste um de teus ramos
Tão acariciante! Solto e alegre,
Entrou pela antiga janela da sala
E, docemente, amenizou as dores
Da idosa e sonhadora senhora.
E de dourado ia se pintando a tarde.

Curioso, cheio de feixes de ouro
Inundou a sala de luz.
- Mas que lindo! Disse ela
Olhando as flores iluminadas
No jarro de violetas sobre o linho
Bordado delicadamente de fios de seda.

O envelhecer deu-lhe tanta formosura:
No vestido de chita estampadinha;
No alto da cabeça, um birote;
Olhos cor- de- rosa teciam lembranças.
Naquele aposento, vestido de silêncios,
Brotaram recordações de tempo tão distante...

Na arca dessas recordações
Mil cancelas foram abertas.
E, o raio de sol, admirado, envolvente,
Ouviu histórias mirabolantes:
Festa de tempos dourados;
Grinalda banhada de perfume
Matizada com explosões de amor.
E o coração grisalho foi cantando
Sonhos, verdade, morte,
Que, se juntaram, se entrelaçaram
Na misteriosa beleza da vida.

Na poltrona, a boneca de feltro
De olhos de contas sorri;
No quadro da janela aberta,
Visão do belo jardim,
Nas roseiras, brilha um novo rocio;
E numa nesga do céu,
Súbito, passam aves
Formando um bando triangular.
Emocionado, o ramo de sol, em despedida,
Oscula a face da encantadora senhora.

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