domingo, 5 de janeiro de 2014

2 anos sem Decio Pignatari

"Conheci Décio Pignatari em uma das suas palestras sobre arte, poesia, política e literatura, então, percebi o motivo dele ser considerado polêmico; ideias fortes, uma lingua ferina,  em uma das palestras disse:"O Brasil nunca teve escritor  de cunho universal!" Nas suas palestras notei Décio, incrédulo e irônico, sempre! Décio marca presença na história da literatura brasileira junto com  os irmãos Augusto e Haroldo de Campos, tornou-se um dos principais idealizadores da poesia concreta.""
                                            Ana Marly de Oliveira Jacobino
Tributo ao imortal Decio Pignatari morto no dia domingo 02 de Dezembro de 2012
 
Como teórico da comunicação, Pignatari deixou importantes obras, como a tradução dos textos de Marshall McLuhan. Entre seus escritos, destaca-se o ensaio Informação, Linguagem e Comunicação, de 1968. Sua obra poética está reunida em Poesia Pois é Poesia (1977). Pignatari publicou traduções de Dante, Goethe e Shakespeare, entre outros, reunidas em Retrato do Amor quando Jovem (1990) e 231 poemas. Publicou também o volume de contos O Rosto da Memória (1988) e o romance Panteros (1992), além da obra para o teatro Céu de Lona.
Nos últimos anos, se dedicou à literatura infanto-juvenil – lançou Bili com Limão Verde na Mão (Cosac Naify), em 2010 – e a transformação da literatura por conta da evolução tecnológica. 
 
Para substantivar as asseverações anteriores, o segundo movimento do poema inicia com a abertura do primeiro, suprimindo o vocábulo cola. O imperativo beba coca reitera, deste modo, a necessidade de se consumirem e de se assimilarem  todos os componentes culturais que, de forma implícita, a coca representa. A seqüência babe cola caco, ao proceder a aproximação com babe cola, reitera obrigatoriedade da adesão, pois dela dependerão concessões ao Terceiro Mundo e o futuro das empresas multinacionais. Todavia, a metátese da palavra coca, transformando-a em caco, esclarece a qualidade do produto e do consumidor. Afora aduzir à ordinariedade da cultura importada, caco deixa entrever a transformação do produto, reduzido a excrementos, cocô, fim de toda sociedade consumista e subdesenvolvida que perde a identidade cultural. É sintomático que, a partir desse movimento, coca, cola e caco procedem a um verdadeiro balé, em que fonemas e palavras se vão sucedendo até desembocarem na cloaca, fusão das palavras, dos corpos e das essências. Evidentemente, não se trata de uma fusão que se destina à criação de um novo ser, como se fosse um processo alquímico, mas à redução ao imundo, ao sórdido, ao imprestável, com sói acontecer ao povo que abdica de suas peculiaridades culturais.
 *CAMPOS, Haroldo de  1975. A arte no horizonte do provável.  Sâo Paulo: Perspectiva, 1975. p. 126-127.
 Foto: Poesia Concreta_ Ana Marly de Oliveira Jacobino

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Poesia Concreta_ Ana Marly de Oliveira Jacobino
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