quarta-feira, 18 de julho de 2012

Parati é aqui... Flip 2012.

O escritor homenageado Carlos Drummond de Andrade teve suas poesias e sua vida difundida nos dias desta grande festa literária em Parati. A cidade recebe a todos de braços abertos, mas, não podemos deixar de escrever sobre a falta de estrutura para uma festa deste porte em que se tornou a Flip.   alto preço cobrado pelas pousadas, pelos restaurantes e outros serviços da cidade assusta os turistas que procuram a cidade durante a Flip.                         Ana Marly de Oliveira Jacobino
                                             Entrada da Tenda dos Autores
                                  Rio Perequê-Mirim ao lado das Tendas Literárias
Leitura dando início na noite de quarta feira de um poema de Drummond por um convidado. Os  poemas de Carlos Drummond de Andrade, homenageado deste ano, deu  início a cada uma das mesas de estudos realizadas por escritores convidados da Flip 2012.
A seguir Jovens autores brasileiros_ Mesa 1 (05/07/2012)
                                  Escritas da Finitude_ Ana Marly de Oliveira Jacobino
Altair Martins, André de Leones e Carlos de Brito e Mello foram os jovens autores brasileiros convidados para a primeira mesa da Flip em 2012. De algumas das minhas anotações surgiram este pequeno texto.
 André de Leones, nasceu na cidade de Silvania, no interior de Goiás. Ele conta que a sua cidade tem a estranha sorte de apresentar estatísticas assustadoras de suicídio, e talvez seja pelo fato da rígida educação religiosa, e das estruturas autoritárias, famílias conservadoras geram a auto-anulação do indivíduo que se mata.
Ao ser interpelado pelo mediador João Cezar de Castro Rocha, sobre o motivo de gostarmos de ler ficção, relacionada à morte os escritores falaram sobre as suas escritas:
Gosto de pensar que “Dentes negros” é um livro impulsionado para o fim, talvez até por isso seja uma narrativa breve. Não há como tergiversar muito à frente de um abismo.
Na cidade do interior em que nasci, há um grande número de suicídios, o que me levou a muitos questionamentos na vida. Eu, ao invés de me matar, resolvi escrever sobre a morte dos outros. A literatura não salva, mas adia a morte inevitável.
Mas, mesmo sendo um romance apocalíptico, o final é feliz: tendo contemplado o abismo, olham para cima e conseguem enxergar um ao outro. A consciência da finitude é importante.
Já, o jovem escritor Altair Martins conta uma ficção a partir da biografia  da morte do seu pai; um jockey. Ele saiu um dia para uma carreira e morreu andando de moto pela estrada. Na literatura temos duas mortes evidentes, a física e a morte anímica. A vida é a arte de esquecer, não de lembrar. É uma arte de morrer constantemente... “A maioria dos livros fala sobre o que ocorre ao redor da morte, não a morte em si. Meu livro “Parede no escuro” mostra um atropelamento e as várias mortes anímicas que ocorrem a partir disso.
Altair fala achar curioso o fato de Ricardo Reis não ter morrido, ele é eterno. Ricardo Reis tinha uma dúvida: sou ou não sou um deus? Sou imortal? Bem, interessante citar que: Fernando Pessoa morreu antes dele.
Comenta que a intenção do escritor é a de escrever um romance para ver onde ele pode chegar, para experimentar a finitude e não necessariamente para metaforizar determinados temas.
Carlos de Brito e Mello faz alusão de que a morte encerra mas também inaugura algumas possibilidades. Em “A passagem tensa dos corpos”, seu mais recente romance ele conta: É a morte quem opera a narrativa. Como num jogo de tabuleiro: Resta Um funciona pela morte. Sem a perda da peça o jogo não continua, mas percebe-se a importância do tabuleiro.
Na minha cidade (Visconde do Rio Branco (MG)) as mortes eram anunciadas por um carro de som. E ao ouvir isso, na casa da minha avó, começava uma conversa sobre quem era aquela pessoa, o que ela havia feito as outras pessoas da cidade que já haviam morrido ou não.
O momento da descoberta de uma morte desafia a linguagem, há gaguejos, surpresa, choros. Mas ao mesmo tempo nós só experimentamos a morte por causa da linguagem.
Nisso uma pessoa da platéia conta para Carlos de Brito que o carro de som está proibido de circular pela cidade anunciando as mortes... veio a lei do silêncio!
                                     fotos: Ana Marly

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