quinta-feira, 10 de março de 2011

Arthur Rimbaud: sua poesia e vida mudou o imaginário da época!Agend@!

"Inocente até provar o gosto mundano dos sentidos, Rimbaud pagou por sua ousadia, com a própria vida a sua transcendência poética em um século que fingia estar inserido na moralidade. Sua precocidade poética assusta os "pensantes" da sua época!" (Ana Marly de Oliveira Jacobino)
    Jean Nicholas-Arthur Rimbaud nasceu em  Charleville na França no seio da classe média provincial em   20 de Outubro 1854 e veio a falecer em Marselha na França no dia 10 de Novembro .Ele foi o segundo filho de Vitalie Rimbaud (Cuif, antes de se casar) e o Capitão Frédéric, que lutou na conquista da Argélia e foi premiado com a Légion d'honneur. Logo depois que o casal teve a quinta criança (Frédéric, Arthur, Victorine [que morreu um mês depois do nascimento], Vitalie e Isabelle), o pai deixou a família. Crescendo separadamente de seu pai, pelos escritos de Rimbaud é evidente que nunca se sentiu amado por sua mãe. Quando garoto era impaciente, inquieto, porém um estudante brilhante. Pela idade de quinze anos ganhou muitos prêmios e compôs versos originais e diálogos em Latim. Em 1870 seu professor Georges Izambard se tornou o mentor literário de Rimbaud e seus versos em francês começaram a melhorar rapidamente.
    Ele fugia sempre de casa e pode ter se unido por pouco tempo à Comuna de Paris de 1871, que foi retratada em seu poema L'orgie parisienne “A Orgia Parisiense” ou “Paris Repovoada”; pode ter sofrido violências sexuais por soldados bêbados da comuna (e seu poema Le cœur supplicié “O Coração Torturado” parece sugerir).

             Primeiro a esquerda Paul Verlaine e ao seu lado Rimbaud
     Rimbaud retorna para Paris em setembro de 1871 por um convite do eminente poeta simbolista Paul Verlaine (depois que Rimbaud lhe mandou uma carta contendo vários exemplos do seu trabalho) e residiu brevemente em sua casa. Este, que era casado, apaixonou-se prontamente pelo adolescente calado, de olhos azuis e cabelo castanho-claro comprido. Tornaram-se amantes e levaram uma vida ociosa, regrada a absinto e haxixe. Escandalizaram o círculo literário parisiense por causa do comportamento ultrajante de Rimbaud, o arquetípico enfant terrible, que durante este período continuou a escrever notáveis versos visionários.
    O caso amoroso tempestuoso do Rimbaud e Verlaine os levou a Londres em setembro de 1872, Verlaine abandonando sua esposa e um filho pequeno (ambos sofriam de abusos durante as iras alcoólicas de Verlaine). Os amantes viveram em uma pobreza considerável, em Bloomsbury e em Camden Town, desprezando uma vida de ensino e uma pensão da mãe de Verlaine. Rimbaud passou seus dias no Reading Room do British Museum onde "calor, luz, penas e tinta eram de graça".
À volta da mesa, por Henri Fantin-Latour, 1872, Rimbaud é o segundo à esquerda, tendo ao seu lado direito Paul Verlaine

   Verlaine voltou para Paris em 1873, onde a ausência de Rimbaud foi difícil de agüentar. Em oito de julho, ele mandou um telegrama ao jovem poeta, lhe dando instruções para ir ao Hotel Liège em Bruxelas; Rimbaud concordou imediatamente. O encontro de Bruxelas foi péssimo; um argumentando contra o outro e Verlaine bebendo constantemente. Na manhã de dez de julho, Verlaine comprou um revolver e munição; à tarde, numa "fúria de bêbado", disparou dois tiros em Rimbaud, um deles ferindo o poeta de dezoito anos no pulso.
    Rimbaud considerou o ferimento superficial e a princípio não acusou Verlaine. Após isto, ele e sua mãe acompanharam Rimbaud a uma estação de trem em Bruxelas, onde Verlaine se comportou como um louco. Isto fez Rimbaud sentir medo do poeta, que então se virou e foi embora. Em suas palavras "então eu [Rimbaud] implorei para um policial o prender [Verlaine]". Ele foi detido por tentativa de homicídio e submetido a um exame médico humilhante. Também foi interrogado sobre sua correspondência íntima com seu amante e sobre as acusações de sua mulher sobre a natureza de sua relação com Rimbaud, que eventualmente retirou suas queixas, porém o juiz condenou Verlaine a dois anos de prisão.Rimbaud e Verlaine se encontraram pela última vez em março de 1875, em Stuttgart, Alemanha, depois que o último saiu da prisão e se converteu ao catolicismo.
Oh estações, oh castelos!

Que alma é sem defeitos?
Eu estudei a alta magia
Do Amor, que nunca sacia.
Saúdo-te toda vez
Que canta o galo gaulês.
Ah! Não terei mais desejos:
Perdi a vida em gracejos.
Tomou-me corpo e alento,
E dispersou meus pensamentos.
Ó estações, ó castelos!
Quando tu partires, enfim
Nada restará de mim.
Ó estações, ó castelos!
                                   Arthur Rimbaud
                                     Casa de Rimbaud em Harar, Etiópia
   Em dezembro de 1878, Rimbaud chegou a Lanarca, Chipre, onde trabalhou para uma empresa de construção como capataz numa pedreira. Em maio do ano seguinte teve que deixar Chipre por causa de uma febre, que mais tarde, na França, foi diagnosticada como febre tifóide. Em 1880 Rimbaud finalmente adaptou-se em Aden como um empregado principal na agência de Bardey.
   Ele teve várias mulheres nativas como amantes e por algum tempo viveu com uma amante da Etiópia. Em 1884 ele deixou o trabalho na Bardey para se tornar um mercador por conta própria em Harar, Etiópia.
   As vendas de Rimbaud incluíam café e armas. Rimbaud desenvolveu sinovite em seu joelho direito e subseqüentemente um carcinoma no mesmo joelho. Seu estado de saúde o forçou a partir para a França em nove de maio, onde foi admitido num hospital em Marseille, e ali teve sua perna amputada a vinte e sete de maio. Após uma curta estadia na casa de sua família, voltou a viajar para a África, mas sua condição médica piorou durante a viagem, e logo foi readmitido no mesmo hospital em Marseille.
                              Constelação Ursa Maior citada no poema a seguir
                  Minha Boêmia  (Fantasia)
Lá ia eu, de mãos nos bolsos descosidos;
Meu paletó também tornava-se ideal;
Sob o céu, Musa! Eu fui teu súdito leal;
Puxa vida! A sonhar amores destemidos!

O meu único par de calças tinha furos.
- Pequeno Polegar do sonho ao meu redor
Rimas espalho. Albergo-me à Ursa Maior.
- Os meus astros nos céus rangem frêmitos puros.


Sentado, eu os ouvia, à beira do caminho,
Nas noites de setembro, onde senti tal vinho
O orvalho a rorejar-me as fronte em comoção;


Onde, rimando em meio à imensidões fantásticas,
Eu tomava, qual lira, as botinas elásticas
E tangia um dos pés junto ao meu coração!           Arthur Rimbaud

No mesmo hospital em Marseille que esteve internado anteriormente, depois de um longo sofrimento recebendo vez ou outra a visita de sua irmã Isabelle, Rimbaud morreu a 10 de novembro de 1891, com apenas 37 anos, e seu corpo foi enterrado no jazigo da família em Charleville.
         
Estátua de Rimbaud
                           Orgia Parisiense ou Paris se Repovoa
Ah covardes, olhem lá! Desemboquem nas estações!
O sol enxugou com seus pulmões ardentes
Os bulevares que uma noite ficaram de Bárbaros aos milhões.
Vejam a Cidade santa, sentada no ocidente!
Vão! Previnirão os refluxos do que se incendia,
Vejam as marginais, os bulevares, olhe ou
As casas sobre o azul leve que se irradia
Que uma noite o vermelhão das bombas estrelou!
Fechem os palácios mortos nos nichos das hortas!
O indignado dia ancestral refrescou seus olhares.
Olha ali a trupe ruiva torcendo as ancas tortas:
Sejam loucos e serão engraçados, com indignados ares! (...)
Quando estiverem no chão, gemendo entranhas e costelas,

De flancos mortos, reclamando dinheiro, perdidos
A vermelha cortesã de seios fartos de batalhas,
Longe do estupor de vocês, cerrará os punhos ardidos!
Quando teus pés dançaram tão forte nos momentos de cólera
Paris! quando tantas lâminas te esfaquearam,
Quando você caiu, retendo nas pupilas claras
Um pouco da bondade dos selvagens que se renovaram,(...)
A tempestade te sacrou suprema poesia:

O imenso revolver de forças te sacode fluido,
Tua obra combate, a morte gonga, Cidade da escolhida fantasia!
Recolhe estrondos do coração do clarão surdo.
O Poeta tomará o fôlego convulsivo dos Sem Fama,
O ódio dos Forçados, o clamor dos Malditos;
E seus raios de amor flagelarão as Fêmeas.
Suas estrofes bendirão: Olhem lá! olhem lá! bandidos!
- Sociedade, tudo está restabelecido: - as orgias
Choram seus velhos gemidos aos bordéis antigos:
E o gás em delírio nas avermelhadas muralhas,
Queima sinistramente contra os azuis esmaecidos!
                                 http://poesie.webnet.fr/poemes/France/rimbaud/39.html

Vamos nos divertir com a alegria contagiosa de um Sarau Literário

NA SEGUNDA APRESENTAÇÃO DO ANO DE 2011 Sarau Literário Piracicabano faz uma dupla homenagem:    
                      BIBLIOTECA MUNICIPAL RICARDO FERRAZ DE ARRUDA PINTO

                                                              E
                                                             Chiquinha Gonzaga
Terça-Feira


Dia 15 de MARÇO
Às 19:30 horas


Com a participação do REGIONAL DO SARAU LITERÁRIO PIRACICABANO
           Aberto a todos que queiram participar
                             Entrada Franca
Local:
         Salão Nobre da Biblioteca
                                                       Fotos by google

Um comentário:

  1. Recebi por e-mail da Caríssima Escritora Cristina Jordano: "Já conhecia a biografia do Mestre Rimbaud, mas reler nesse momento, me parece ainda mais triste e cortante... Meu Deus! Obrigada, Ana, pela lembrança do talentoso poeta.

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