quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Elas vieram marcar o Agend@ com poesia e personalidade!

"Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania, Depende de quando e como você me vê passar. " Clarice Lispector

 De origem judaica, terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. A família de Clarice sofreu a perseguição aos judeus, durante a Guerra Civil Russa de 1918-1921. Seu nascimento ocorreu em Chechelnyk, enquanto percorriam várias aldeias da Ucrânia, antes da viagem de emigração ao continente americano. Chegou no Brasil quando tinha dois meses de idade.[1]
A família chegou a Maceió em março de 1922, sendo recebida por Zaina, irmã de Mania, e seu marido e primo José Rabin. Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tania – irmã, todos mudaram de nome: o pai passou a se chamar Pedro; Mania, Marieta; Leia – irmã, Elisa; e Haia, Clarice. Pedro passou a trabalhar com Rabin, já um próspero comerciante.
Clarice Lispector começou a escrever logo que aprendeu a ler, na cidade do Recife, onde passou parte da infância. Falava vários idiomas, entre eles o francês e inglês. Cresceu ouvindo no âmbito domiciliar o idioma materno, o iídiche.
Foi hospitalizada pouco tempo depois da publicação do romance A Hora da Estrela com câncer inoperável no ovário, diagnóstico desconhecido por ela.[carece de fontes?] Faleceu no dia 9 de dezembro de 1977, um dia antes de seu 57° aniversário. Foi enterrada no Cemitério Israelita do Caju, no Rio de Janeiro, em 11 de dezembro.
Lispector, Clarice. "Correspondências - Clarice Lispector (organizado por Teresa de Monteiro)", Rio de Janeiro, Rocco, 2002. Baseado em cartas pessoais trocadas com Lucio Cardoso e sua irmã Tania.

Clarice Lispector – Biografia, Releituras, 7 de fevereiro de 2008.

 Por não estarem distraídos (Clarice Lispector)
Havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que, por admiração, se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles. Andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles. Por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração. Como eles admiravam estarem juntos! Até que tudo se transformou em não. Tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. Então a grande dança dos erros. O cerimonial das palavras desacertadas. Ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. No entanto ele que estava ali. Tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. Tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos.

Une suíte de l'amour (mini conto) Ana Marly de Oliveira Jacobino

Através da janela, o mundo se mostra gelado. O fogo crepita na lareira. O porta retrato, logo acima faz com que ela, o veja ali na sua frente. Parece tão real. Seus pés, se arrastam pelo tapete de flocos brancos amontoados por sobre as calçadas. O frio magoa a sua alma. A despedida a arrasou. A sua boca rachada pelo frio raspou nos seus lábios. Ela sentiu a volúpia em que ele a beijou. O que modificou o amor? Ele a via agora como uma qualquer. Virou as costas e caminhou em direção ao carro. O seu uniforme vermelho e branco, o destoa de todos os outros homens, que correm do frio. Ele em passos largos se distancia dela. Sente que nunca mais vai beijar aqueles olhos azuis. Pela honra do seu pai precisou ficar noiva de Ricardo. A crise financeira e a má direção do seu pai; o arruinou! Aceita o compromisso sem amá-lo. O calice de licor a esquenta e a amordaça. Uma fagulha cai sobre os seus pés. Queima! Enrola o porta retrato em um papel camurça. Segura firme rente ao coração. Suspira e o guarda no fundo da gaveta. No quarto ao lado o seu pai ouve a Filarmônica de Israel. Os violinos soluçam na Suite do Bailado 'O Lago dos Cisnes'. Será que Tchaikovsky carregava um amor verdadeiro , enquanto compunha a suíte? Quer acreditar que sim! Os seus pés através da sua imaginação desenham “pas de deux”, “pas de burrè”, “grand jetès” sobre o piso da sala. O fogo crepita na lareira. Seu corpo estremece. Sepulta para sempre o amor!
                          Meu presente para Clarice Lispector

Saiba mais sobre Clarice Lispector clicando no endereço a seguir:
http://www.youtube.com/watch?v=9ad7b6kqyok

 "As mulheres serviram todos estes séculos como espelhos possuindo o poder de refletir a figura do homem duas vezes maior que seu tamanho natural.  Virginia Woolf
 Estreou na literatura em 1915 com um romance (The Voyage Out) e posteriormente teria realizado uma série de obras notáveis, as quais lhe valeriam o título de "a Proust inglesa". Faleceu em 1941, tendo cometido suicídio.
Virginia Woolf era filha do editor Leslie Stephen, o qual deu-lhe uma educação esmerada, de forma que a jovem teria frequentado desde cedo o mundo literário.
Em 1912, casou-se com Leonard Woolf, com quem funda, em 1917, a Hogarth Press, editora que revelou escritores como Katherine Mansfield e T.S. Eliot. Virginia Woolf apresentava crises depressivas. Em 1941, deixou um bilhete para seu marido, Leonard Woolf, e para a irmã, Vanessa. Neste bilhete, ela se despede das pessoas que mais amara na vida, e comete suicídio.
Virginia Woolf foi integrante do grupo de Bloomsbury, círculo de intelectuais que, após a Primeira Guerra Mundial, se posicionaria contra as tradições literárias, políticas e sociais da Era Vitoriana. Deste grupo participaram, dentre outros, os escritores Roger Fry e Duncan Grant; os historiadores e economistas Lytton Strachey e John Maynard Keynes; e os críticos Clive Bell e Desmond McCarthy.
A obra de Virginia é classificada como modernista.
UOL Biografias: Virginia Woolf


 No dia 28 de Março de 1941, após ter um colapso nervoso Virginia suicidou-se. Ela vestiu um casaco, encheu seus bolsos com pedras e entrou no Rio Ouse, afogando-se. Seu corpo só foi encontrado no dia 18 de abrilEm seu último bilhete para o marido, Leonardo Woolf, Virginia escreveu:
                                                Querido,


Tenho certeza de estar ficando louca novamente. Sinto que não conseguiremos passar por novos tempos difíceis. E não quero revivê-los. Começo a escutar vozes e não consigo me concentrar. Portanto, estou fazendo o que me parece ser o melhor a se fazer. Você me deu muitas possibilidades de ser feliz. Você esteve presente como nenhum outro. Não creio que duas pessoas possam ser felizes convivendo com esta doença terrível. Não posso mais lutar. Sei que estarei tirando um peso de suas costas, pois, sem mim, você poderá trabalhar. E você vai, eu sei. Você vê, não consigo sequer escrever. Nem ler. Enfim, o que quero dizer é que é a você que eu devo toda minha felicidade. Você foi bom para mim, como ninguém poderia ter sido. Eu queria dizer isto - todos sabem. Se alguém pudesse me salvar, este alguém seria você. Tudo se foi para mim mas o que ficará é a certeza da sua bondade, sem igual. Não posso atrapalhar sua vida. Não mais. Não acredito que duas pessoas poderiam ter sido tão felizes quanto nós fomos.V.

 fotos: google
Últimos segundos... (miniconto) -Ana Marly de Oliveira Jacobino

“Tira as mãos do bolso. Sente o perfume das campânulas azuis invadirem o seu corpo. Tenta imaginar como pode viver sem o medo asfixiante. O cérebro parece pulsar. Medo? Sim! Viver lhe dá medo! A água entoa uma canção de amor. Tira os sapatos e entra no rio. Não afunda! Olha o riso espumante dos seixos. Apanha um punhado. Outro punhado maior. Coloca nos bolsos. As pedras parecem gargalhar. O fundo do rio é um berçário de vida. Acaricia o seu ventre; seco. Estéril? A vida borbulha. Uma bomba alemã explode lá fora. Terror. Sente protegida. Tem a sensação de ser envolvida pelo líquido amniótico.. Resolve ficar.”

                                               À Virginia Woolf.

Ouça a voz de Virginia Woolf:
http://www.youtube.com/watch?v=E8czs8v6PuI
                                                                  Convite:

 Profeta Gentileza
Crianças da Casa do Amor Fraterno homenageiam o Profeta Gentileza






2 comentários:

  1. Três grandes mulheres, duas delas em descrição de vida e obra, e a terceira, aquele que descreve as primeiras.

    Oi, Ana. Mesmo afastado do RL, permaneço próximo aos amigos, e quão gratificante poder conhecer um pouco mais de literatura enxergando o mundo por sua ótica.

    Sem contar os maravilhosos micro contos que você deixou acima.

    Fantástico.

    Um grande abraço, Poetisa.

    Marcio

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  2. Visitas ilustres por aqui hoje e O Gentileza e sua bondade. Agradeço tua linda poesia e ela já esta´no lugar!beijos,chica e linda semana!

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